ÁREAS DE INTERVENÇÃO

Depressão

Todos nós vivenciamos momentos de tristeza, mas se está deprimido, provavelmente sente-se triste e abatido há várias semanas ou meses.

A depressão é uma condição grave de saúde mental, não é um sinal de fraqueza ou algo a que o indivíduo possa simplesmente “escapar”.

A depressão pode afetar-nos de modos distintos e apresentar-se sob a forma de diversos sintomas:

  • Tristeza/angústia persistente;
  • Instabilidade emocional (irritabilidade, dificuldade em se conter emocionalmente);
  • Ansiedade e preocupações constantes;
  • Sentimento de culpa;
  • Sentimentos de desamparo e desesperança
  • Falta de motivação ou interesse por atividades que anteriormente lhe davam prazer;
  • Sensação de estar “preso” ao passado;
  • Alterações do sono (excesso ou privação)

Esta não é uma lista exaustiva. Existem diferentes níveis de gravidade e múltiplas apresentações.

A depressão quando não tratada tende a agravar-se, tornando-se altamente incapacitante. A abordagem farmacológica é, ainda atualmente, a forma de tratamento mais frequente. A medicação psicotrópica altera os processos mentais (percepção, emoções e comportamentos) atuando exclusivamente nos sintomas, procurando silenciá-los. Observa-se que esta abordagem não é eficaz no tratamento de muitos pacientes e que apesar de atenuar os sintomas durante o tratamento, estes tendem a reaparecer pouco tempo após a sua interrupção ou término. Deve-se, portanto, investigar e esclarecer as origens da experiência depressiva e compreender as suas causas, o que faz da psicoterapia o caminho mais indicado para recuperar da depressão.

Ansiedade

A ansiedade é uma resposta emocional comum caracterizada por um sentimento de tensão, preocupação e medo que decorre de uma situação sentida como perigosa. Neste sentido, a ansiedade tem um valor evolutivo/adaptativo na medida em que nos alerta para perigos ou ameaças no ambiente. Contudo, quando sentida de forma excessiva e generalizada, e sem relação com uma ameaça real, torna-se uma perturbação psicológica extremamente desgastante. Neste caso, é possível que apresentemos uma preocupação desproporcionada face a diversos aspectos da nossa vida e nos sintamos num estado de estresse e alerta quase permanentes.

Ao longo do nosso desenvolvimento, enquanto crianças e adolescentes, vivemos experiências que influenciam a forma como nos sentimos e agimos. Algumas dessas experiências negativas serão a origem de alguns estados de ansiedade que hoje nos acometem. Também o ritmo da vida moderna e as suas exigências nos seus diversos planos (familiar, profissional, social e financeiro) podem por si só gerar estados de ansiedade.

A curto prazo, a ansiedade pode ser regulada através de medicamentos (ansiolíticos). Apesar dos diversos efeitos secundários e do risco de dependência associados aos ansiolíticos, em alguns casos (ansiedade severa) poderá ser necessário recorrer, numa fase inicial, a ajuda farmacológica. Contudo, a longo prazo, os tratamentos psicológicos, por intervirem diretamente nas causas da ansiedade, revelam-se consideravelmente mais eficazes e produzem resultados mais duradouros.

Ataques de pânico

Os ataques de pânico são episódios em que sentimos uma ansiedade severa e repentina que despoleta um conjunto de sensações físicas só comparáveis à sensação de morte iminente.

Existe uma grande variedade de manifestações fisiológicas, comportamentais e psicológicas associadas aos ataques de pânico.

Os sintomas físicos podem incluir palpitações, dor no peito, falta de ar, sensação de asfixia, tonturas, desmaios e despersonalização (sensação de estar “fora do corpo”). Os ataques de pânico são uma doença psicológica em que temos medo do próprio medo. Temos medo de sofrer um ataque cardíaco, medo de desmaiar, medo de morrer, medo de perder o controlo ou medo de enlouquecer, pensamentos que pioram significativamente os sintomas iniciais de ansiedade.

Pela intensidade da experiência, o ataque de pânico constitui um evento traumático que de forma involuntária e inconsciente associamos às circunstâncias em que este ocorreu. Passamos assim a evitar essas circunstâncias na tentativa de prevenir um novo ataque. Algumas pessoas podem desenvolver medo de sair de casa, de entrar em lojas, de multidões e locais públicos, de viajar sozinhas nos transportes, entre outros. Compreender a origem dos ataques de pânico através da psicoterapia é a forma mais eficaz de evitar novos ataques e de nos libertamos dos medos que restringem a nossa liberdade. Os métodos psicológicos, por intervirem diretamente nas causas da ansiedade, revelam-se consideravelmente mais eficazes e produzem resultados mais duradouros. 

Luto Prolongado

Luto é o termo usado para descrever a sensação de perda sentida com a perda real de uma pessoa, sendo o paradigma a morte de um ente querido. O sentimento de perda pode fazer-se acompanhar de respostas emocionais diversas, como tristeza, raiva, ansiedade e culpa. Embora este seja um processo normal pelo qual todos passamos, por vezes o luto pode ser vivido como uma experiência avassaladora ou suscitar sentimentos particularmente dolorosos e incontroláveis. Dependendo da natureza da relação com a pessoa que faleceu, o luto pode transformar-se num processo patológico e causar sérias dificuldades como o retraimento ou sintomas tipicamente associados à depressão.

Nem sempre somos capazes de lidar com o sofrimento sozinhos e, neste sentido, é fundamental procurarmos ajuda especializada para partilharmos as nossas emoções.

Sinais de que poderá ser necessário recorrer a apoio psicológico:

  • Dificuldades em retomar rotinas ou atividades normais;
  • Retirada de atividades sociais;
  • Sentimentos de culpa;
  • Crença de que fez algo errado ou que poderia ter evitado a morte;
  • Sentir que a vida não faz sentido.

A psicoterapia facilitará a elaboração da perda e impedirá que o sofrimento psíquico associado ao processo de luto se alastre nas nossas vidas e se prolongue indefinidamente, permitindo-nos retomar gradualmente a vida quotidiana.

Dificuldades Relacionais

A capacidade de estabelecer e manter relacionamentos amorosos e saudáveis – seja com a família, amigos ou com o parceiro – é fundamental para o nosso bem-estar. Quando crianças, dependemos dos nossos cuidadores para nos ouvirem, entenderem e satisfazerem as nossas necessidades físicas e emocionais. Quando adultos, essa dependência é, até certo ponto, transferida dos nossos principais cuidadores para os nossos parceiros românticos.

Temos a tendência de procurar e repetir o que nos é familiar. Isto será positivo se crescermos num contexto acolhedor, mas menos se as nossas necessidades não forem atendidas. Infelizmente, se não recebermos amor e atenção de forma consistente por parte dos nossos principais cuidadores quando crianças, podemos vir a ter dificuldades em estabelecer e manter vínculos saudáveis quando adultos.
Dificuldades de relacionamento podem surgir devido a inúmeras razões. Por vezes, surgem problemas após um evento repentino e inesperado; outras vezes, as dificuldades infiltram-se gradualmente no relacionamento. O conflito não é necessariamente negativo, contudo quando se torna constante podemos sentir que estamos presos num ciclo vicioso.

Neste contexto, a psicoterapia poderá ser útil ao promover uma maior consciência relativamente à dinâmica relacional e a impedir que alguns aspectos das nossas relações anteriores se repitam indefinidamente. O acompanhamento psicológico poderá contribuir para a compreensão da origem das dificuldades e a escolha e estabelecimento de relacionamentos mais estáveis e saudáveis.